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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Professora Suzana Marília

Por Carlos Sérgio Gurgel da Silva - Advogado e professor da UERN 
 
Recebi, com tristeza, a notícia do falecimento (em 03 de janeiro de 2013) de um dos maiores ícones do ambientalismo no Rio Grande do Norte, a professora (aposentada) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte no Campus de Pau dos Ferros (CAMEAM) Suzana Marília Leal.

A professora ou Dra. Suzana, como era popularmente conhecida na capital do alto-oeste potiguar, era uma pessoa com alto senso de responsabilidade social e ambiental. Mesmo diante de seu quadro de saúde, altamente debilitado após um acidente automobilístico ocorrido na década de 1970, que a deixou inválida para suas atividades laborais na UERN, sempre manteve acesa a chama da esperança da educação ambiental do povo do alto-oeste potiguar.

Através de seu esforço, e de alguns colaboradores, a professora Suzana conseguiu fazer uma Sala Verde, onde, frequentemente, proferia palestras ou convidava autoridades e estudiosos da problemática ambiental para ministrar conhecimentos sobre técnicas e práticas ligadas, direta ou indiretamente, à qualidade e à educação ambiental de jovens e adultos da cidade de Pau dos Ferros e de toda a região.

A professora Suzana foi uma das precursoras dos movimentos ambientais no Rio Grande do Norte, pois, desde que ensinava no campus da UERN em Pau dos Ferros, já ministrava seus conhecimentos sobre a defesa ambiental. Fundou, no ano de 1997, a ONG CEPEAM (Centro de Estudos e Pesquisa de Educação Ambiental Marília), apenas 5 (cinco) anos após a realização da 2ª Conferência da Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade no Rio de Janeiro, conhecida como RIO 92, momento em que começou a surgir um grande número de Organizações Não Governamentais, estrutura ainda pouco conhecida no Brasil até então.

A professora Suzana Leal, movida pelo espírito solidário em prol do meio ambiente ecologicamente equilibrado, transformou sua própria residência (com seu amplo terreno) no já referido Centro de Estudos. A garagem de sua casa foi coberta e transformada em sala verde, onde sua biblioteca particular transformou-se em biblioteca para acesso público. Sua sala de estar foi transformada em sala de estudos e pesquisa, com ambiente tranquilo para leitura e com computadores e impressoras para estudos e pesquisas. A professora Suzana se realizava quando via sua casa ocupada por pessoas interessadas em estudar. Era uma educadora nata.

Mas o Centro de Estudos e Pesquisas não se resumia a isto. A professora Suzana tinha uma horta no terreno adjacente a sua residência, onde plantava diversas hortaliças, nas quais nunca utilizava produtos químicos no processo de adubação, mas tão somente o adubo que produzia com a compostagem do lixo orgânico que produzia em sua casa. Sua residência era um grande laboratório de estudos e pesquisas ambientais. Seu senso de responsabilidade social não restringia sua atuação apenas à educação ambiental.

Neste sentido, a professora Suzana recebeu em sua horta (em sua residência), presos que ali trabalhavam para diminuir suas penas, funcionando muitas vezes como “colônia agrícola” já que o presídio da cidade de Pau dos Ferros, que fica próximo a sua residência, não dispõe desta estrutura.

Fiz este breve relato da atuação da Professora Suzana Marília Leal para que o Estado do Rio Grande do Norte tenha conhecimento do papel desempenhado por ela em prol de um ambiente com maior qualidade de vida, dedicando uma vida inteira em favor do próximo. À memória da profa. Suzana Marília Leal, fica esta homenagem de um de seus pupilos, que esteve em contato com ela durante o período em que residiu na cidade de Pau dos Ferros. O Rio Grande do Norte perde um dos ícones de seu movimento ambientalista: uma grande mulher.

2 comentários:

  1. Que bom vê que alguém lembrou do valor que foi a minha amiga Sussana,seria bom que os projetos elaborados por ela fossem desenvolvidos por educadores em Pau dos Ferros.Evanda

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  2. PRIMO, TIVE O PRAZER DE CONHECER DRA. SUZANA, QUANDO CURSAVA LETRAS, AÍ EM PAU-DOS-FERROS. NÃO SABIA DO FALECIMENTO DA MESMA. FORÇA E FÉ!

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