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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

HISTÓRIAS DO RABO DA GATA POR RAIMUNDA CARAÚBAS

  

  Essa  semana fiz uma das minhas melhores entrevistas ao longo  desses quatro anos de blog culturapauferrense. Minha entrevistada tem 77 anos de idade, e apesar de possuir o nome de Raimunda Nonata da silva Barbosa, todos a conhecem por RAIMUNDA CARAÚBAS.Aposentada do serviço público(já conquistado na meia idade), um pouco abatida por enfisema pulmonar, mas com a mesma simpatia e desinibição que sempre foram sua marca registrada. O assunto que me levou até ela, foi para conhecer melhor sobre a antiga zona de prostituição da cidade denominada de RABO DA GATA.
  Dona Raimunda chegou em Pau dos ferros em meados de 1940 vindo de Caraúbas e acompanhada da mãe. Foram morar numa casinha na rua Lafaiete Diógenes, onde justamente funcionava o referido "Cabaré", como chamavam na época. A mãe de D. Dona Raimunda foi trabalhar na pensão da Sra Ernestina de Zé Simão e Raimunda começou a ganhar uns trocados, botando água na cabeça pros bares do meretrício. A água era trazida de uma cacimba que ficava localizada atrás do quartel de polícia,hoje presídio Regional. Logo começou a conviver com a liberdade que imperava naquele ponto da cidade e engravidou aos 15 anos na primeira relação sexual. A mãe ficou enlouquecida e não a  aceitou com a criança dentro de casa, sua irmã  mais velha chamada Cornélia levou a criança para morar no  cabaré, mas ficou pouco tempo, pela própria movimentação no lugar. Doaram a criança para ser criada a uma senhora que era conhecida como Catarina do Padre, enquanto isso Raimunda, nossa heroína, ficou sob os cuidados de Dona Nenê, esposa de Paulo marcelino, que cuidou da mesma com muito carinho e lhe dava da comida à vestimenta. A criança adotada veio a morrer três meses depois.
  Já recuperada, Raimunda voltou ao trabalho, Lavava e passava durante o dia  e à noite, caía na "Fuzaca" termo usado por ela  e que hoje chamamos de farra.
  O rabo da gata era uma festa constante, funcionava em diversas casas que tinham entre outros proprietários: Dona Isaura Garcia, Dona Nita de Teté, Seu Badú, João Sampaio, entre outros. Os homens vinham a cavalo ou de jeep, os cavalos ficavam escondidos nos lamaçais atrás das casas, para afuguentar possíveis esposas enraivecidas.
  Perguntei-lhe se havia muita violência contra as mulheres, a entrevistada me falou que não, pela proximidade do quartel de polícia. Entre as mulheres que "fechavam o trânsito na época" ela cita: Porcina , Mariquinha, Sulina, Cornélia(sua irmã e campeã em prisões, foi detida 38 vezes) e a mais escandalosa era Socorro de Norrene, da cidade de pendências e que quando bêbada, tirava  a roupa e fazia promoções com seu "ninho do amor"....Vou deixar-lhes com um gostinho de quero mais...Amanhã, a parte II.
                           Israel Vianney

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