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quinta-feira, 16 de julho de 2015

BIOGRAFIA DE RAIMUNDO NONATO CAVALCANTE NUNES




Por Licurgo Nunes Quarto

“O futuro é apenas a silhueta de uma interrogação que se oculta além da linha do horizonte. O presente é uma abstração transitória entre o acervo de reminiscências e a perplexidade do futuro. Embora esta conceituação contrarie a linha filosófica de Santo Agostinho, para quem o passado é uma convenção porque não existe, entendendo idêntica definição para o futuro sem existência dimensionada porque sequer aconteceu. Portanto, à sua visão de profundo estudioso do tempo, somente o presente tem existência definitiva. Mas o que é o presente, se na vertiginosa sucessão dos fatos não há mais tempo hábil para o raciocínio sobre a ultima notícia e a própria história da ordenação cronológica dos últimos acontecimentos se sente insegura na voracidade dos registros? Sou radicalmente vinculado ao passado e quase sempre retempero os dispositivos de forças interiores recorrendo às reservas emocionais das origens. Que seria do homem maduro sofrido nas provações e desesperanças, aturdido nesta encruzilhada histórica sem perspectivas do futuro – território desconhecido, acidentado em cuja superfície se refletirá a imagem do presente distorcida nos ângulos da perplexidade em que foi gerada? Que seria deste homem confinado nas neuroses do presente e desmotivado para as incertezas do futuro, se não tivesse na paisagem emocional espaço reservado às recordações mais caras, muitas vezes surgidas no alívio das ansiedades, em gratificantes clarinadas de nostalgia?” (Raimundo Nunes, em “Perfis e Debates”, pág. 77)

RAIMUNDO Nonato Cavalcante NUNES, o oitavo filho - caçula - de uma descendência de 08 filhos do casal comerciante e agropecuarista Major Sátiro Ferreira Nunes/Cláudia Cavalcante Ferreira Nunes.
Tinha como irmãos o Dr. Israel Ferreira Nunes, - o primogênito - Advogado, Procurador do INSS e Deputado Estadual pelo RN por quatro Legislaturas, casado com Maria Dolores de Souza Nunes; Francisca Cavalcanti Ferreira Pinheiro, “Francina”, casada com Manoel Vitôr Pinheiro – “Neco Vitôr”; Erondina Cavalcante Nunes Dantas, casada com João Fernandes Dantas, o “Dêdê; Maria Cavalcante Ferreira – Mariêta - casada em primeiras núpcias com João Fernandes e no segundo casamento com José Euclides Fernandes; Joana Cavalcante Ferreira – “Janú” - casada com Afonso Coutinho, e, no segundo matrimônio, com Sandoval Pinheiro; Licurgo Ferreira Nunes, Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, casado com Cristina Diógenes Nunes e Ana Cavalcante Ferreira – “Dondon” – casada com José Eugênio Ferreira.
Nasceu na Cidade de Luiz Gomes, RN – a 26 de abril de 1917.
“... a propósito, embora muito criança e residindo no município de Pau dos Ferros, no Sítio Poço da Pedra, no vale do Riacho de Santana – formado ou iniciado pela confluência das serras de Luiz Gomes e de São Miguel...” (Raimundo Nunes, em seu livro “Perfis e Debates”, pag. 48).
Neto materno da Professora Mariana Cavalcante – primeira professora diplomada da cidade de Luiz Gomes, no RN – teve, na sua mãe Claudia Cavalcante Ferreira Nunes, também professora, os ensinamentos básicos que lhe proporcionaram um aprendizado necessário para enfrentar o ensino do Grupo Escolar Joaquim Correia, da cidade de Pau dos Ferros e, em seguida – no ano de 1930, o curso ginasial no “Ginásio Diocesano Santa Luzia, de Mossoró, tendo concluído em 1935.
Muda-se para a Cidade do Recife (ano de 1936) para frequentar o “curso pré-médico” nos colégio Pernambucano e Oswaldo Cruz – uma inovação instituída por uma reforma de ensino à época, e que correspondia ao curso científico – visando, ao concluí-lo, submeter-se ao vestibular de medicina.
Concluindo os cursos necessários ao ingresso em uma faculdade, submeteu-se ao vestibular de medicina na faculdade de medicina de Pernambuco, quando foi aprovado. 
Na capital pernambucana - e por indicação do seu irmão mais velho, o Israel Nunes - foi morar na “Pensão da Dona Joaninha”, em cuja hospedaria o Israel havia sido hóspede quando cursara a Faculdade de Direito, integrante que era da famosa “Turma do Centenário dos Cursos Jurídicos do Brasil”, ano de 1927. O inusitado foi o fato de - após oito anos de o seu irmão Israel ter sido hóspede da referida Pensão, o Raimundo chega à mesma e passa a pagar idêntico valor ao que pagara o irmão quando por lá morou. Como não havia inflação, os valores permaneceram os mesmos oito anos depois.
Em Recife - cursando medicina - teve a ajuda financeira providencial do seu outro irmão - Licurgo Nunes - à época já formado em Direito e exercendo as funções, por concurso público, de Promotor de Justiça da Comarca de Caraúbas, no RN, que lhe mandava, todo fim de mês, um aporte monetário que lhe proporcionava uma sobrevivência condigna. Gesto, aliás, que o irmão Licurgo havia sido beneficiado - quando cursava a faculdade de Direito do Ceará - por parte do irmão mais velho, o Israel Nunes. Era uma tradição das famílias patriarcais, quando os irmãos mais velhos proporcionavam aos mais novos ajuda financeira para que esses conseguissem lograr êxito nos estudos.
No terceiro ano de medicina, e já tendo, portando, cursado as disciplinas que lhe dessem conhecimento para iniciar a clinicar, transferiu a sua residência para a “prisão do Derby”, onde, em troca da pousada e da alimentação, teria que atender – consultar – quando necessário, os presos daquele estabelecimento prisional; era um programa instituído pelo governo pernambucano, que tinha por finalidade ajudar aos estudantes pobres. Foi uma vivência – um estágio – muito válido, e que lhe rendeu larga experiência, não somente pelo lado clínico-médico, como pelo viés sociológico/humanitário,proporcionando-lhe inestimáveis conhecimentos. Esse fato ensejou-lhe escrever e publicar um dos seus inúmeros livros, que intitulou de “Vivência Universitária em Tempo de Presídio”.
Participou, em Recife – até porque era um grande orador – de todos os movimentos político-estudantis que se realizaram à época. E Recife presenciava uma efervescência politica muito grande; estudantes totalmente envolvidos em manifestações político-partidárias, com comícios concorridos e discursos inflamados.
Concluindo o curso no dia 14 de dezembro de 1943, com 26 anos de idade, voltou à cidade de Mossoró e em março de 1944 iniciou a sua vida profissional na especialidade de oftalmologia.
Com uma clínica promissora e largo conceito entre os colegas médicos, não esqueceu, contudo, o seu lado político – a exemplo dos irmãos Israel Nunes, Deputado Estadual, e Licurgo Nunes, Prefeito de Pau dos Ferros. Nesse ideário, trabalhou intensamente para viabilizar a indicação do Jerônimo Dix-Sept Rosado para candidato ao Governador do Estado. Representando a região oeste, foi o orador da histórica convenção do Partido Social Democrático - PSD - que escolheu o ex-prefeito de Mossoró como candidato. Proferiu um grande discurso, que ainda é lembrado e comentado pelos que presenciaram ou tomaram conhecimento do fato. Sobre esse discurso, disse o Dr. Raimundo Nunes em seu livro “Dix-Sept Rosado – 30 anos depois”, às págs. 40/41.
“... A propósito da invasão udenista aos escalões do poder, na homologação da candidatura de Dix-Sept Rosado, houve uma convenção histórica no Cinema Rex em Natal, a 10/06/50, em que eu fora designado para falar em nome da Zona Oeste e, sem projeção de falsa modéstia, levei bastante sorte na temática desenvolvida. Embora utilizando discurso não totalmente de improviso, porém obviamente esquematizado, soltei uma frase de efeito que virou clichê no restante da campanha, pela agressividade simbólica manipulada. Quando verberava as perseguições indiscriminadas e inconsequentes de José Varela, dizia eu que todo aquele rumo atingindo ao pânico social, "'tinha o apoio a conivência e o aplauso do partido da eterna vigilância - a mesma UDN, que outra coisa não fez senão se postar vigilante, frente às portas do palácio do governo, para invadir as suas escadarias nos caminhos do erário, buscando o poder que jamais soubera conquistar." 
"... Meio à safra de discursos, a pequena galeria começa a me aplaudir insistentemente, sufocando os argumentos de quebra de protocolo. Não havia alternativa - mandei o recado no tom e veemência atingidos pelo clima da campanha - a princípio, exaltando Getúlio, mesmo agredindo minhas convicções mais íntimas, para em seguida aproveitar a embalagem do entusiasmo dominante, solenizando o cenário com a candidatura Dix-Sept Rosado, omitida pelo caudilho gaúcho, numa fuga de responsabilidade injustificável pelas suas elevadas postulações nacionais."
"... Parece que atingi os objetivos da mensagem, não só pelos aplausos que coroavam qualquer tipo de manifestação, àquela altura da batalha ,mas sobretudo pelas manifestações dos componentes da caravana, sobressaindo o tribuno gaúcho Batista Luzardo, que exagerava fato, classificando como "o melhor discurso que ouvira no país inteiro no decorrer daquela campanha - sei que era mentira do gaúcho, porém como diria Mestre Câmara Cascudo, é um tipo de mentira gostosa”. (Raimundo Nunes, em “Dix-Sept Rosado – 30 anos depois ",págs. 57/58)
Do célebre discurso pronunciado naquela convenção partidária, o escritor Raimundo Nonato, ao escrever-lhe o pesaroso necrológio, recordou a entusiasta repercussão obtida nos meios políticos:
“... Houve silêncio sufocante quando o jovem orador dirigiu-se ao microfone e, usando da palavra vibrante, lançou duas ou três apóstrofes atrevidas que sacudiu o imenso auditório que prorrompeu em palmas e daí, durante mais de uma hora ele encheu aquela assembleia de entusiasmo, de alegria e da mais incentiva vibração. O milagre da palavra do orador ganhara a primeira batalha. Encerrada a sessão, a multidão deslocou-se com dificuldade e estacionou no meio das ruas, espalhadas nas calçadas e em grupos na frente do cinema. De um deles afastou-se o Des.Carlos Augusto que aproximou-se de amigos, onde estávamos eu e Raimundo Nunes, e foi desabafando com aquele sorriso de bom humor:
“Seu Nonato, com o discurso deste orador que vocês trouxeram da Zona Oeste, pode-se considerar vitoriosa a campanha de Dix-Sept Rosado."- o Mossoroense", 04/02/90.
Casou-se, em primeiras núpcias com Maria do Socorro Lira Nunes, uma conterrânea e parenta, haja vista que era filha do casal agropecuarista Antônio Belo de Lira e de Regina Almeida Nunes, residentes do Sitio Monte Alegre, localizado nas cercanias da cidade de Luiz Gomes. 
Do casamento resultou o nascimento de dois filhos: Raimundo Nunes Filho e Ione Almeida Cavalcanti Nunes.
Viúvo, casou com Maria do Céu Medeiros Nunes; não houve filhos do segundo casamento.
Com uma clientela cada vez mais expressiva - não somente de mossoroenses, mas também de toda a região oeste - mesmo assim optou por transferir o seu domicílio para Natal (ano de 1952) onde, em um meio científico maior, vislumbrava ter condições de atuar de modo mais intenso, praticando uma medicina atualizada.
Tornou-se, na Capital, um grande profissional; reconhecido e elogiado. Era o médico do grande escritor e folclorista Câmara Cascudo. Sobre esse fato – ser o médico do escritor famoso internacionalmente, disse Raimundo Nunes em seu livro “Circuito de Afinidades”. À página 149:
“...nos 7 anos de exercício clínico, em Natal, algumas vezes Câmara Cascudo me honrou com sua preferência de cliente. Na primeira oportunidade, quase não sufoco a emoção positiva. De propósito, prolongo o exame, dilatando o ensejo de sua verve contagiante. Como não houvesse mais justificativa para sua retenção no equipo do exame, saio com esta tirada, que ele costuma reproduzir, em rodas de amigos: -“
“Preciso fazer uma receita bem caprichada. Estou examinando os olhos mais importantes do Rio Grande do Norte...”
Em outra página, a 152, do mesmo livro “Circuito de Afinidades”, disse o escritor Raimundo Nunes:
“...em outra oportunidade, atendendo um telefonema de Cascudo, estabelecemos o diálogo: - 
“Você mudou o consultório para outro endereço?”
– “Mudei, sim, para a Rua Voluntária da Pátria, onde funciono em prédio próprio”.
– “Diga certo onde fica e se pode esperar-me para uma consulta”.
– “Não posso esperar, de forma nenhuma...!”.
– “Por quê? Tem urgência em sair?”. 
- “Sim, não posso esperar e vou sair, imediatamente... mas para ir buscá-lo”. 
E fui apanhá-lo de carro, num bar do grande-ponto, de onde telefonara. Cliente desta estatura mental não vem ao consultório... e sim o médico se locomove para transportá-lo, recolhendo no fichário profissional, o registro de uma consulta que se destaca no arquivo permanente das recordações gratas”.
Amealhou o suficiente para ter – e proporcionar à mulher e filhos – uma excelente condição de vida. 
Empreendeu! Construiu uma casa muito boa (Rua Açu, 666 – no bairro do Tirol, em Natal), assim como construiu um edifício com três andares (esquina das ruas Heitor Carrilho com Voluntários da Pátria, Cidade Alta, também em Natal) – onde, em um pavimento inteiro montou o seu novo consultório, dotando os demais de salas para alugar a profissionais liberais (médicos, dentistas e advogados). Batizou a edificação com o nome de “Edifício Santa Luzia”, numa homenagem à Santa – que tanto era Padroeira de Mossoró, cidade à qual dedicava imensa gratidão – como Padroeira dos oftalmologistas. 
Todo ano trocava o automóvel por um modelo novo; o último – e antes de se mudar para São Paulo - foi um “Austin”, preto, ano 1958, fabricado pela “The Austin Motor Company Limited”, importado da Inglaterra.
Com a ideia permanente de sempre evoluir na sua especialização médica, concorreu e foi aprovado – no ano de 1958 - em um curso de pós-graduação em oftalmologia no Centro de Cirurgia Ocular, na Universidade de Buenos Ayres, na Argentina, à época considerado centro de excelência na referida especialidade.
Pós-graduado e com o firme propósito de voltar a Natal, retomar as suas atividades médicas na sua clínica e assumir a cadeira de Professor titular da disciplina de oftalmologia da incipiente faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – convidado que fora para tal – recebeu um convite, irrecusável, diga-se, para lecionar na USP (Universidade de São Paulo), com atuação também no famoso e tradicional Hospital das Clínicas da Capital paulista. 
Convite aceito deixa Natal e segue, com a família, para fixar residência em São Paulo – ano de 1959.
Na capital paulista tratou logo de comprar uma casa para morar – Rua Euclides de Andrade, 51, no bairro de Sumarezinho - e montou um consultório no bairro da Penha.
Aprovado em concurso foi nomeado médico oftalmologista do INPS. 
Passou, então, o Dr. Raimundo Nunes a exercer a medicina em sua plenitude; lecionando na Universidade, operando no Hospital das Clínicas e atendendo no consultório particular e no ambulatório do Instituto Nacional de Previdência Nacional.
Era titular, por concurso, do Conselho Nacional de Oftalmologia, sócio da Associação Médica Brasileira, da Associação Médica Paulista e membro da Sociedade de Escritores Médicos do Brasil, Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do RN, e imortal da Academia Mossoroense de Letras.
Aliado a essas atividades médico-científicas, passou a escrever livros; e o fez em profusão, haja vista ter publicado mais de uma dezena, a saber: “Cegueira Noturna do Operário de Salina”; “Recordando uma Geração”; “Posta Restante”; “Dix-Sept Rosado 30 anos depois”; “Circuito de Afinidades”; “Vivência Universitária em Tempo de Presídio”; “Perfis e Debates”; “Tércio Rosado, Professor e Semeador de Ideias”; “Sociologia do Grande Ponto”; “Pedro Nava – Memória”; “Esparsos & Avulsos”; “Memória da Oftalmologia Nacional”.
Emérito conversador – proseador dos melhores - tinha uma memória fantástica; detalhava com facilidade citando nomes e datas de fatos e histórias por ele vivenciadas no Rio Grande do Norte e alhures.
Epistolar convicto e de uma redação/texto excelentes, fazia do contato, da comunicação, por cartas – com inúmeros amigos - uma maneira de compensar o isolamento a que se submetera na metrópole - na “Paulicéia desvairada” - como ele bem definia a cidade de São Paulo. Mantinha correspondência firme, assídua e fiel – com algumas dezenas de pessoas/amigos. O seu livro “Posta Restante” é, justamente, uma coletânea das cartas trocadas entre ele e o também escritor Raimundo Nonato da Silva, norte-riograndense, nascido na cidade de Martins e radicado na cidade do Rio de Janeiro, quando comentavam e emitiam opiniões diversas, desde política estadual, nacional e internacional, passando por religião, economia, sociologia, genealogia e esporte.
Trabalhava intensamente o ano todo com o pensamento voltado para o mês de janeiro quando viajava ao Nordeste a fim de usufruir de férias merecidas. Passava alguns dias em Natal – quando tinha a oportunidade de rever os amigos e revisitar o “Grande Ponto” (localizado no centro de Natal – confluência das ruas João Pessoa com a Av. Rio Branco – o “Grande Ponto” abrigava uma reunião informal, um encontro despretensioso de intelectuais, escritores, poetas, magistrados, profissionais liberais e políticos que se reuniam em um bate-papo descontraído, onde discutiam todos os tipos de assuntos; e o Dr. Raimundo, quando ainda residia em Natal, era um frequentador assíduo, habitué. 
Os dias restantes das férias passava na Fazenda Galeão, propriedade rural do seu irmão, compadre e amigo o Desembargador Licurgo Nunes, localizada no município de Marcelino Vieira, numa volta ao passado, ao meio rural, bucólico, igual à “Catingueira” – lá no “Poço de Pedra”, no Riacho de Santana - lugar em que ele havia nascido. Era recebido pelo irmão com a maior deferência, a maior satisfação. Passavam horas a fio – madrugada adentro – conversando, proseando em redes armadas no alpendre da fazenda. 
Glutão assumido e reconhecido, fartava-se das guloseimas da culinária regional – nordestina - preparadas por Maria Vieira – gourmet das melhores – e esposa do João Silvestre, Gerente da citada propriedade rural. Não dispensava – e essas iguarias tinham que constar do menu: “qualhada” adoçada com raspa de rapadura, cuscuz com leite, curimatã fresquinha pescada no açude da fazenda, cozinhada com nata de leite e temperada com coentro, costela de porco assada, “espinhaço” de carneiro e galinha caipira torrada. 
Ao adquirir a merecida aposentadoria, passou a dividir o seu tempo entre as cidades de São Paulo, Brasília e Natal, quando, em cada uma delas, passava quatro meses. Na praia de Pirangí do Norte, situada no litoral sul da capital norte-riograndense e onde possuía uma casa de veraneio, costumava passar os meses que destinava ao nordeste. Considerava essa praia um verdadeiro paraíso e era onde recebia os amigos que por lá aportavam em busca de uma conversa, uma prosa amena e inteligente. 
Faleceu e foi sepultado em Natal do dia 20 de janeiro de 1990.
Este relato, despretensioso, da história/biografia do Dr. Raimundo Nonato Cavalcante Nunes, tem por objetivo levar ao conhecimento dos parentes mais novos, bem como deixar registrado para a história a vida e a obra literária desse grande e ilustre tio, “Catingueira” da gema, nascido e criado lá no “Poço de Pedra”, hoje município de Riacho de Santana, que muito honrou a nossa família Ferreira Nunes.

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